A presença portuguesa no mundo, principalmente
durante os Descobrimentos no séc. XV, influenciou
a gastronomia nos dois sentidos, com os
portugueses a importarem novas técnicas e ingredientes
e a deixarem a sua marca em países distantes.
Da Índia, os portugueses trouxeram laranjas
doces, que plantaram ao longo das suas rotas,
dada a sua importância no combate ao escorbuto que afetava os marinheiros.
Para além das especiarias vindas da Ásia, cujo comércio os Portugueses
dominavam, a influência oriental na gastronomia portuguesa pode ver-se na
“canja” com paralelo no asiático “congee”. Também do oriente, os portugueses
trouxeram o chá, tornando-se rapidamente uma bebida popular, especialmente
entre as classes abastadas. Em Inglaterra, a tradição do “chá das 5”,
bem como da “compota de laranja amarga” (orange marmalade) é atribuída a
Catarina de Bragança, princesa portuguesa que casou com Carlos II de Inglaterra.
Foram os portugueses que levaram a primeira pimenta malagueta (de
Espanha) para a Índia, onde é hoje um ingrediente fundamental, comprovado
pela sua forte presença na culinária de Goa, centro da presença portuguesa
na Índia. Os portugueses deixaram também a sua influência na culinária do
Brasil, com variações da feijoada e da caldeirada, assim como em Goa, com
pratos como o “vindalho”, cujo nome tem origem no tempero tradicional de
marinada em “vinha d’alhos”. A doçaria portuguesa deixou ainda marcas na
culinária japonesa, na adaptação dos “fios de ovos” e “trouxas”, que originaram
a especialidade japonesa “cabelos de anjo”. Esta receita tornou-se
também muito popular na Tailândia. O tradicional “pão de ló” derivou em Nagasaki
no bolo “Kasutera”. A “tempura”, hábito de fritar alimentos envoltos em
polme foi introduzida no Japão, em meados do séc. XVI, por missionários
portugueses, sendo inspirada no prato português “peixinhos da horta”.